Eu era boa de escrever em papel
Cinco frases e tinha um verso
Digitando parece que fica tudo ao inverso
Não sei se começo pelo fim ou se recomeço
No início era pra falar sobre a superficialidade
O quanto estou irritada com a falta de carácteres, míngua de comunicação e pouco afeto.
Por vezes culpo uma geração inteira, mas a verdade é que começou muito antes.
Começou na falta de abraços, no colapso das músicas de 3 notas com versos sobre sentar, beber e usar.
Começou na falta de interpretação de texto, na educação mercadológica. Começou na mãe ausente, na revolução industrial, na invenção do computador. Começou na negação de Pedro, na fé cega. Começou com a falta de comunicação sobre o fruto proibido. Começou bem antes da gente pensar.
Apesar de gostar de pensar sobre começos tenho ânsia pelos finais. Sejam eles felizes ou aqueles das porta entre abertas. Como será no final? Proibição do sentir ou expurgo de sensações?! Adrenalina a preço de cordel ou ansiolítico a preço de prada? Quando a superficialidade vencer, o que será dos poetas? Dos utópicos? Dos românticos?
O distópico universo da superficialidade: Não responda, não pense, não justifique, não sinta, não ame, não demostre, não grite, não surte, não se irrite, não se entregue, não viva.
Blasé tá na moda e tem gente que nem sabe o que significa. A insignificância da profundidade, a negação da verdade. Morbidez, estagnação, paralisia.
Deus me livre de viver assim. Deus também não tá na moda, virou charge. Mas isso é conversa pra outra hora. Por hoje só estou muito irritada com a superficialidade mesmo.