Superficialidades

Eu era boa de escrever em papel

Cinco frases e tinha um verso

Digitando parece que fica tudo ao inverso

Não sei se começo pelo fim ou se recomeço

No início era pra falar sobre a superficialidade

O quanto estou irritada com a falta de carácteres, míngua de comunicação e pouco afeto.
Por vezes culpo uma geração inteira, mas a verdade é que começou muito antes.
Começou na falta de abraços, no colapso das músicas de 3 notas com versos sobre sentar, beber e usar.

Começou na falta de interpretação de texto, na educação mercadológica. Começou na mãe ausente, na revolução industrial, na invenção do computador. Começou na negação de Pedro, na fé cega. Começou com a falta de comunicação sobre o fruto proibido. Começou bem antes da gente pensar.

Apesar de gostar de pensar sobre começos tenho ânsia pelos finais. Sejam eles felizes ou aqueles das porta entre abertas. Como será no final? Proibição do sentir ou expurgo de sensações?! Adrenalina a preço de cordel ou ansiolítico a preço de prada? Quando a superficialidade vencer, o que será dos poetas? Dos utópicos? Dos românticos?
O distópico universo da superficialidade: Não responda, não pense, não justifique, não sinta, não ame, não demostre, não grite, não surte, não se irrite, não se entregue, não viva.

Blasé tá na moda e tem gente que nem sabe o que significa. A insignificância da profundidade, a negação da verdade. Morbidez, estagnação, paralisia.

Deus me livre de viver assim. Deus também não tá na moda, virou charge. Mas isso é conversa pra outra hora. Por hoje só estou muito irritada com a superficialidade mesmo.

O universo de cada gota

Quão difícil é olhar pra si além da aparência, se enxergar num sorriso, num olhar, numa roupa bonita!

Às vezes quando tudo parece muito igual, gosto de ver ao contrário.

Igual quando a chuva cai no vidro do carro e você olha o universo dentro de cada gota, e a visão fica embasada mas perfeita, sabe?

Não???


É como ver a beleza da imperfeição… quando seguimos ao contrário parece que estamos errados…

Igual quando a gente quer subir a escada quando todo mundo tá descendo – e você pensa: devia ter ido por outro caminho!


Mas escolhas são o que suportam o peso de cada um.

Aprendo em silêncio a gostar mais de mim, desse jeito ao contrário, né? Mas acho que vale, pra mim vale. Mais ou menos em silêncio, pq tô aqui compartilhando… difícil alguém que lê até o final porque é (ao contrário) dos 140 carácteres exigidos pelas comunicações em redes sociais.

Aí eu lembro, que é diário de bordo que gosto de voltar e reler de vez em quando pra lembrar como eu estava. E se é esse o objetivo, tá tudo bem. Menos curtidas mais posse de si!

Ticiana Oliveira 05 de agosto de 2020

Batom vermelho

Em dias de olheiras a gente mete um batom vermelho pra disfarçar.

Dizem que as pessoas olham para a boca e esquecem os olhos.

Dizem as pessoas porque comigo é olho no olho.

Sempre olho os risquinhos da pupila alheia e vou contando mentalmente enquanto finjo que presto atenção na conversa fiada.

Pra quem duvida é só perguntar para os mais próximos sabem que cheiro de olho, risquinhos do lábio e dos olhos pra mim tem muito valor.

Tem uma frase que eu amo que diz que “dias memoráveis merecem batom vermelho”, sempre levei a risca a recomendação.

Com a pandemia um tempo sem batons… e dias memoráveis passaram sem o vermelho.

E os dias simples também não seriam memoráveis?

A angústia, incerteza e banalidade do cotidiano se escondem atrás do batom vermelho.

E dos olhos? Será que se esconde?

Cor não deveria ser pra disfarçar e sim para escancarar.

E se no fundo a cor fosse pra arrombar o que tenta se esconder?!

Pira errada diriam eles, ou conversa sem meio nem fim.

Fragilidade exposta como era na música. Nem sempre quando estiver com ele, digo o batom – é disfarce.

Às vezes é só pra combinar com o look mesmo ou quem sabe, estou vivendo um dia memorável.

O batom não conta mas os olhos sim.

Ticiana Oliveira 03 de maio de 2022

Dança

A dança é democrática,

follow-the-colours-monica-crema-13qualquer um pode dançar.

Pra mim ela é alegria,

um suspiro da alma num corpo feliz.

É a representação do mundo íntimo,

ou o disfarce perfeito dele também.

Ela resgata o riso em meio o choro,

ela dá voz e movimento às emoções.

Ticiana Oliveira – março de 2018

Só estar

Era tarde da noite
A canção já não mais se ouvia
Mas ela se sentia viva, radiante
Embora de pés descalços e unhas ruídas
Sentiu vontade de estar, só estar.
Reuniu-se com seus melhores sentimentos
E resolveu conversar
Coisas da vida, algo sobre amar
Voltou-se ao vento e desejou
Ali ficar… a sós, só estar
De frente pra poesia
Que somente ela entendia.

Ticiana Oliveira – 13 de novembro de 2012Captura de Tela 2017-11-13 às 17.10.25

A parte mais bonita do meu dia

É quando esse fluxo vem feito ventaniaCaptura de Tela 2017-10-07 às 08.38.32

Me desconserta, me apaixona

Sair rodopiando pelos salões com a mesma alegria

Sentir o pulsar de um sorriso tímido

Que convida a brincar, a sonhar, a dançar.

Saber o que se passa na sua mente calada, inquieta

No seu jeito de não se entregar

Faz-me querer fazer as malas e ir me encontrar

Encontrar a liberdade de contigo querer estar

Encontrar a liberdade de comigo querer estar

 

Ticiana Oliveira 

Hei de lembrar

“Eu poderia (embora não quisesse) esquecer todas as suas promessas, esquecer seus Captura de Tela 2017-10-06 às 10.00.48.pngbeijos, seu modo de amar. Poderia esquecer seus defeitos, poderia esquecer seus erros, se assim eu quisesse… Poderia esquecer como me fez tolo, poderia esquecer como me fiz tolo por você. Poderia esquecer de toda a nossa história, se assim quisesse, por que pra mim ela pouco valeu. Poderia esquecer sem culpa seu nome, seu telefone, seu endereço. Poderia fingir que você não existiu. Mas o seu olhar, esse não posso esquecer, mesmo se quisesse apagar tudo, do seu olhar ainda hei de lembrar…”

Ticiana Oliveira – algum dia de 2013

Tempestade

Depois da tempestade sempre vem a calmaria. Confesso que ainda prefiro a tempestade, pois me movimenta. A calmaria traz a paz, mas a paz calma nem sempre é a paz verdadeira.  A calma é um estado de espírito. A paz de espírito vem do esforço e não da acomodação. Que venham as tempestades, que do que for de minha parte, danço um tango debaixo de cada uma delas…

Ticiana Oliveira – 04 de outubro de 2012

Primavera

Primavera chegouCaptura de Tela 2017-09-22 às 09.48.08

Muita gente avisou

Mas quem sentiu?

Prestou atenção no florido

Nos passarinhos indo e vindo

Na mudança de pensamentos

Que se espalham como vento

Reparou no sorriso íntimo

Que expande pelo coração

Pela calmaria que em meio ao caos

Traz suave canção?!

Primavera chegou

Que delicia poder sentir

Silenciar por um instante

Se permitir…

Sente o convite que ela faz ao teu coração!

Ticiana Oliveira – 22 de setembro – Primavera no meu coração

Chuva e Sol

IMG_0971

Para mim era sol quando te conheci
Não lembro direito se você era chuva ou trovão
Mexia suave com meus sonhos e meus ideais
Você nem sequer percebia quanto regava meu chão.
Que andava árido de paixão
De repente virou arco íris daqueles que enfeitam o dia mas não se deixam tocar, talvez seja o medo de se machucar.
Meus dias de sol derretem corações gelados, mas não os distanciados.
E assim, virou vento… daqueles que passam, trazem refresco. Trazem calma pra alma mas passam. Como assim haveria de ser.
Paro e quase escuto seu coração gemer de dor, de tanto abandono, tanta falta de calor.
Calo e observo, talvez ainda nem percebeu.
Anda tão acostumado com tempestade e vendaval, que quando o sol chega – reclama.
Não faz, não ama.
Como ousa me aquecer?
Melhor fazer que não viu, que não sentiu. Simplesmente esquecer.
Esquecer é bem mais fácil que dançar, exige mais do cérebro e menos do coração.
Tanto desperdício de sentir.
Que pena!
Que a chuva agora vire poema.

Ticiana Oliveira – hoje mesmo.